Por Caroline Ciaramicoli*
De acordo com o “Dicionário Aurélio”, a palavra “diferente” possui alguns significados, dentre eles, “adjetivo de dois gêneros que difere parcial ou totalmente; que não é semelhante, igual ou idêntico; distinto”.
Será que o preconceito com tudo o que é “diferente” estaria ligado à morfologia da palavra ou será que apenas falta uma análise da sintaxe para compreender uma relação lógica das palavras entre si?
Bem, longe de ter que recorrer mais à gramática e ao latim para destrinchar o significado dessa palavra, quis apenas mostrar como é importante averiguarmos e refletirmos sobre o que andamos falando por aí e, para isso, não precisamos ser experts em língua portuguesa, certo?
No universo infantil, a existência da gramática e do uso convencional da escrita são praticamente desconhecidos. Então, como ensinar as crianças a respeitar as diferenças entre as pessoas?
O caminho está no respeito
Diferenças. Essa palavra soa algo “diferente” para você? Não sei sua resposta, mas já antecipo que não deveria. Afinal, suas mãos são iguais? Convidando você a refletir sobre esse simples fato, comunico que não há o que incluir quando o próprio fato de ter que “respeitar o diferente” já nos remete a ideia de que há algo a ser aceito. E por que deveria haver, quando no entanto somos seres dotados de diferenças e isso é o que nos distingue?
Compreender que as pessoas são sim diferentes porque são únicas e que isso é algo bom, ter uma visão positiva de si mesmo, respeitar opiniões diferentes, gostos distintos dos nossos e saber lidar com uma resposta inusitada são premissas que trabalho desde a Educação Infantil para que isso se propague para a vida adulta.
Mas para que essa naturalidade, clareza e simplicidade de ver as tais diferenças seja algo espontâneo e enraizado na essência de cada criança, costumo valorizar atitudes infantis para ressaltar esse convívio de respeito. Como? No dia a dia! Entender que o colega prefere brincar de algo “diferente”, respeitar a opinião do amigo na roda, valorizar o desenho do outro, os variados gostos de estilo musical e alimentares, as diferenças culturais, enfim, tudo o que se difere do “eu” são movimentos que acompanham a rotina das crianças na escola onde atuo, a Garatuja.
Se todos nós entendêssemos a verdadeira essência de ser “diferente”, não precisaríamos ensinar as crianças a respeitar as diferenças porque isso nos coloca em uma posição de que há um grupo de semelhantes e que outros estão fora disso, mas sim compreender que todos nós somos diferentes e fazemos parte de uma grande e diferente sociedade.
*Caroline Ciaramicoli é professora da Garatuja Educação Infantil